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terça-feira, 8 de março de 2011

O MAL DO OUTRO

      Sobre a Erva de Passarinho...

      Pensar e repensar incansavelmente sobre o mal que nós humanos civilizados podemos causar uns aos outros, à cultura humana e às instituições, é uma tarefa necessária para nos proteger da "peste emocional", das garras do Zé Ninguém, já definido por W. Reich no conjunto de sua obra, e que, infelizmente, existe e insiste, insiste, insiste.

      Alguém conhece uma plantinha chamada erva de passarinho? A erva de passarinho é uma plantinha muito singela que, de muitas maneiras, pode ser confundida com outras plantas. Trazida por passarinhos, se aloja em árvores frondosas e saudáveis, confunde-se com elas e pouco a pouco vai sugando sua seiva, podendo levar seu hospedeiro à morte. Sua frutinha muito doce atrai a passarinhada que, pulando de galho em galho, de árvore em árvore, limpando seus biquinhos repletos de sementes, que neles grudaram durante o banquete, levam a outros organismos o terrível predador.

      Tristemente, percebemos que nossa Cultura e suas Instituições estão repletas de humanos ervas de passarinho. Alojados por interesses obscuros e estranhos, estes seres humanos não conseguem se vincular  de maneira saudável às diversas organizações das quais venham a participar, para desenvolver e progredir em função de um bem comum, de uma meta ou uma nobre missão a cumprir.
Como a erva de passarinho, estes buscam tirar o maior proveito possível daqueles organismos, não se importando se sua passagem trará prejuizos, ou até mesmo, se levará o organismo à morte. O importante para eles é o lucro imediato, o benefício pessoal que se lhes poderá advir.

      Evidentemente, a erva de passarinho aje desta forma para sua sobrevivência, é de sua natureza, é o seu destino a cumprir. Os humanos, seres ditos "superiores" e pensantes, podem fazer suas escolhas. Mesmo que já estejam formados e prontos para a vida, podem repensar sua forma de relacionamento com mundo, sem com isso modificar suas estruturas básicas. É claro que estamos falando de uma estrutura dentro de uma certa "normalidade" possível.

      É preciso, e todo botânico bem o sabe, estar atento à contaminação da árvore pela erva de passarinho, e assim que aquela seja detectada, deve-se retirá-la da árvore pelo bem de sua vida, e daqueles que dela dependem, dela retiram sua sobrevivência, sem necessariamente matá-la.
Será que com os indivíduos, os humanos ervas de passarinho, não deveriamos ter a mesma atitude? Ao identificá-los, não deveríamos neutralizá-los, isolá-los ou mesmo extirpá-los de nossas instituições da cultura, das organizações da civilização?!

      Isso nos remete a uma passagem na bíblia católica que se refere a essa atitude, quando se sugere que o joio e o trigo sejam identificados, separados e o joio queimado. Essa passagem bíblica sugere enfim que os humanos ervas de passarinho transitam há tempos pela humanidade! Parece que temos que conviver com eles, já que eles fazem parte de nossa trajetória, - talvez sejam até uma parte de nós mesmos!?, porém, e nisso pode estar a nobreza de nossa existência, o importante é estar sempre atentos e prontos para combatê-los em função de um bem muito maior, de um bem comum a todos.

      Em março de 2011...



Sérgio Moab Amorim de Albuquerque - CRP 08/08067-7
Psicólogo / Psicanalista / Servidor Público
Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas / Abordagem Psicanalítica / Sociologia Política


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