A
Educação Corporativa na Esfera Pública
O
processo de Educação Corporativa no Serviço Público pode e
precisa tornar-se o elemento motor para a estruturação de um
processo contínuo e eficaz de desenvolvimento profissional. Na
Administração Pública Federal isso já é ponto pacificado, pelo
menos em sua Legislação, e normativas vigentes e pertinentes, bem
como na literatura especializada e específica da área, restando
porém a busca do fato, já embasado pelo direito.
As
dificuldades, por vezes encontrada nesse caminho, não devem desviar
do foco ou deixar desesperançosos os profissionais dessa área. As
dificuldades fazem parte de um processo de ajuste e de crescimento,
de aperfeiçoamento, enfim de evolução. Não se conseguiu, na
maioria das vezes, convencer a Administração Pública Federal da
necessidade de tornar a Educação Corporativa, de fato, uma
prioridade. Muitas vezes também, e em casos particulares, sequer
alcançou-se o objetivo de justificar, de maneira plausível e
satisfatória, essa prioridade.... Mas, deve-se aprender com as
dificuldades e os tropeços do dia-a-dia funcional. E é isso que se
espera da Administração Pública como um todo, que aprenda com seus
erros e possa assim avançar em direção ao tão almejado futuro.
Há muito
o que fazer na estruturação da Educação Corporativa na
Administração Pública Federal, e essa estruturação passa
necessariamente por respostas a questões que não se cansam de
gritar na busca dessas respostas. O que realmente se define como
Educação Corporativa para o Serviço Público? Qual o real papel de
profissionais de educação na estrutura administrativa das
Instituições não voltadas ao ensino? O que fazem? Como fazem?
Quando fazem? Por que fazem? Onde querem chegar? Há de fato
Profissionais da área de educação a serviço da Educação
Corporativa na APF? A APF entende realmente o papel desse
profissional em meio à busca frenética pelo atingimento de metas e
resultados que precisa e deve alcançar? Ou ela ainda os entende,
erroneamente, como apoio logístico para os diversos Eventos
institucionais? Caso aqueles não se firmem enquanto profissionais de
educação na Instituições Públicas, confirmar-se-á, mais uma
vez, o que se tem visto em muitas ocasiões ao longo de anos? O que
se pode, e se deve fazer para mudar essa realidade?
Como
proceder a construção da Educação Corporativa na APF sobre algo
já inadequadamente construído? Parece só haver uma única via
possível...a desconstrução. Desconstrução esta que pressupõe
uma posterior reconstrução. Reconstrução de uma nova realidade,
sobre uma base que já sustentava a realidade anterior, ou seja, uma
reconstrução sob a perspectiva de um projeto educacional para o
desenvolvimento de perfis competentes.
Uma outro
ponto de extrema importância nesse contexto de Educação
Corporativa para a APF, é a questão do mérito. Alguns gestores
públicos atendem que é impossível trabalhar com mérito na
administração pública, tendo em vista a relação direta com a
política. Seria mesmo a política que entrava essa questão? E isto
leva a APF a um grande impasse. Não há como desenvolver carreira e
profissionais gabaritados, sem levar em consideração e incorporar o
mérito. O Mérito esta intrinsecamente ligado à perspectiva de
crescimento profissional e, consequentemente, com o desejo do
indivíduo em mobilizar energia para seu próprio crescimento.
Torna-se assim dicotômico o discurso de promoção do
desenvolvimento profissional e da qualidade de vida no trabalho, sem
contudo levar em consideração essa questão do mérito. Não há,
portanto, como falar em perfis competentes e profissionais
gabaritados subtraindo a questão do mérito.
E aqui é
possível se deparar com uma enorme dificuldade da Administração
Pública...o Mérito. A supervalorização dos cargos de chefias, em
detrimento dos demais profissionais, reflete-se na maioria das vezes
nos pedidos de indicações para a composição de equipes, grupos de
trabalho, etc. Infelizmente, malgrado todo o conhecimento acumulado
ao longo dos anos, é assim que se inicia, ainda, na Administração
Pública, a estruturação de uma Unidade, de um Grupo de Trabalho,
de uma Gestão?! Onde está o tão versado e celebrado
profissionalismo na APF? Especificamente na área de Educação
Corporativa, por que o conhecimento desses profissionais não é
aproveitado pela Administração para formar equipes a partir de
perfis competente, de seleção interna, por exemplo? Na grande
maioria das vezes, essas equipes de Educação Corporativa são
formadas, não por mérito, mas por indicações. Então,
pergunta-se, como equipes formadas por indicação terão força, e
sobretudo moral, para avaliar potenciais, avaliar a aquisição e a
necessidade de desenvolver competências profissionais, de quem quer
que seja?
Aliás,
por onde tem andado o entendimento do processo de Gestão por
Competências na área de Educação Corporativa em nossas
Instituições? Afinal de contas, o processo de Gestão por
Competências, instituido pelo Decreto 5.707, não parece se tratar
de mero arroubo institucional, como tantos e tantos outros, mas de um
Determinação de uma Instância Superior à qual está subordinada
toda a Administração Pública Federal, e à qual se deve
obediência, e disso não se pode escapar. A Gestão por Competências
muda completamente a noção da gestão das pessoas e da noção de
Educação Corporativa nas Instituições Públicas Federais. Mas,
será que isso foi bem compreendido pela mesma Administração
Pública? Por todos os lados, em diversas Instituições, há um
movimento bascular para a efetivação e implantação da gestão por
competências, e... É de se estranhar que em dado momento, em muitos
casos, "dá-se um tempo" para a estruturação do processo
de implantação...Parece, pelo que está posto pela APF, que nosso
objeto é o desenvolvimento de competências, e que aliás está
escrito e decretado por esta mesma Administração Pública...
Pois bem,
há mesmo muito o que fazer ainda em Educação Corporativa, em
qualquer esfera da Administração Pública, ...mas antes de qualquer
coisa, antes que qualquer novo modismo possa surgir no horizonte
administrativo, há muito o que pensar, o que refletir e, sobretudo,
o que definir...tomando posições coerentes, bem fundamentadas e
firmes, a despeito de qualquer "desmérito"....Continuar-se-á
com o engodo do desenvolvimento de pessoas? Com a falácia do
processo educacional? Ou institucionalizar-se-á verdadeiramente uma
política de gestão de pessoas por competências na Administração
Pública? Pensar nessa questão é, principalmente, decidir que tipo
de profissionais se quer na Esfera Pública, e assim, que tipo de
marca se quer deixar para aqueles que os sucederão um dia. E por
assim dizer, dia este que certamente e muito em breve virá, tendo em
vista que, a passos de gigante, e nada adormecido, não se tem
conseguido repor a força de trabalho que se vai, deixando uma lacuna no conhecimento, mudando sua condição funcional para a inatividade.
Sérgio Moab Amorim de
Albuquerque - CRP 08/08067-7
Psicólogo / Psicanalista / Servidor Público
Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas / Abordagem Psicanalítica / Sociologia Política
Copyright © 2012 by SÉRGIO MOAB AMORIM DE ALBUQUERQUE All rights reserved
Psicólogo / Psicanalista / Servidor Público
Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas / Abordagem Psicanalítica / Sociologia Política
Copyright © 2012 by SÉRGIO MOAB AMORIM DE ALBUQUERQUE All rights reserved