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domingo, 12 de abril de 2015

ENDOMARKETING E EMPREENDEDORISMO NAS ORGANIZAÇÕES DA MODERNIDADE



Grandes transformações vêm acontecendo em um ritmo arrebatador, em nosso cenário global, desde os primeiros momentos do fenômeno conhecido como Revolução Industrial. A chamada Revolução Industrial colocou a pedra fundamental na passagem da produção artesanal e da manufatura, para a produção em série e industrializada. Com todas as mudanças que a globalização nos tem trazido, e esta também remontando às grandes navegações e à expansão dos mercados da época, dentre as mais impactantes e essenciais ao mercado de trabalho, apresenta-se a necessidade de se ter uma comunicação eficaz, facilitada nos dias atuais pelo desenvolvimento tecnológico, haja vista a necessidade de se tê-la como uma forma de vantagem competitiva.
O endomarketing e o intraempreendedorismo, tradicionalmente e resumidamente explicados como conceitos do marketing organizacional e pessoal, respectivamente, ora são utilizados nas grandes empresas como aliados de mecanismos e práticas da moderna administração. Estes fenômenos se propõem a agregar valor e conhecimento de forma estratégica ao processo administrativo, a fim de alavancar os processos e relações de e com o trabalho, e assim, fazer com que os mesmos não se tornem obsoletos.
As constantes mudanças econômicas e tecnológicas, pelas quais passamos desde a virada do século passado para o início deste, demandam modificações nas relações humanas com o trabalho. Tais eventos têm suas raízes modernas em meados do século XX, quando o sistema econômico passou por enormes modificações, sobretudo após a crise econômica de ’29, com a inclusão de um olhar para o fator humano na engrenagem da produção econômica. Mas, se assim o quiséssemos, poderíamos remontar, para o entendimento dos eventos atuais, há tempos imemoriais da história da humanidade, desde o advento da propriedade e das culturas agrícolas e pecuárias, quando o animal homem se fixou em um determinado sítio, cercando-o e iniciando um processo produtivo.
As estruturas econômicas e sociais tem se movimentado numa dinâmica de avanços e retrocessos constantes, mas que indicam uma enorme inquietação na busca de ajustes nas relações do homem em sociedade e daquele com o trabalho e a produção econômica. Mas, foi a partir do século XX que alguns profissionais das ciências humanas desenvolveram teorias e abordagens, na tentativa de explicar e avaliar as relações desse homem com o trabalho, e assim buscar soluções para as dificuldades advindas dessa relação. Foi a partir de uma melhor compreensão da importância do fator humano para o sucesso dos empreendimentos, que chegamos ao momento atual de desenvolvimento da ciência da administração.
O momento atual é o momento da gestão por competências, da busca de resultados e do envolvimento do indivíduo com o seu objeto de trabalho. É nesse sentido que antigos conceitos são revisitados e outros novos são criados para dar conta de nossa modernidade administrativa e empresarial.
Dois conceitos importantes surgem aqui para exemplificarmos a relação de importância que se dá, na atualidade, ao elemento humano, para o sucesso de qualquer empreendimento: Endomarketing e Empreendedorismo.
Um dos fatores mais importantes e que alavancaram o desenvolvimento humano através dos tempos foi, sem sombra de dúvidas, a comunicação. A comunicação humana permitiu as trocas e o desenvolvimento das relações econômicas e políticas que movem a humanidade e a civilização há tempos. E, na atualidade, não podemos deixar de ver que o desenvolvimento tecnológico é o próprio desenvolvimento dos meios e formas de comunicação, que encurtam distâncias e aumentam a produção e os controles sobre a vida humana.
A comunicação é, portanto, elemento essencial ao desenvolvimento de relações equilibradas entre os agentes profissionais e o negócio do empreendimento no qual estão inseridos. Nesse sentido, vamos buscar entender o primeiro conceito, o Endomarketing, que “é uma área diretamente ligada à de comunicação interna, que alia técnicas de marketing a conceitos de recursos humanos.”.
          “O endomarketing surge como elemento de ligação entre o cliente, o produto e o empregado”, e se apresenta como o esforço da organização no sentido de construir uma relação de objeto de desejo entre esses três elementos, pois se entende que a partir do momento em que se estabelece essa relação, uma profunda fluidez ocorrerá na cadeia de produção: produtor x produto x consumidor.


          Nesse sentido a gestão da comunicação assume papel “sine qua non” para o sucesso dessa empreitada e, “é preciso haver objetividade e clareza na comunicação com clientes internos e externos, a começar pela imprensa, passando pela comunidade, clientes, demais parceiros da cadeia produtiva e da própria organização empresarial, principalmente funcionários. ” São os funcionários o maior ativo que uma empresa pode possuir, pois estes são as peças elementares que movimentam a engrenagem empresarial.


 Contudo, é de extrema importância que o processo educacional corporativo, inserido no processo de gestão da comunicação se mobilize no sentido de proporcionar o desenvolvimento dessa relação afetiva, e poder-se-ia dizer até libidinosa, com o objeto de trabalho. Enfim, “o endomarketing existe para atrair e reter seu primeiro cliente: o cliente interno, obtendo significativos resultados para as empresas e, também, atraindo e retendo clientes externos. Funcionários insatisfeitos com as condições de trabalho e com os próprios produtos lançados irão fazer uma contrapropaganda cada vez que multiplicam fora da empresa a sensação de descontentamento que os dominam.”

Nesse sentido, “o endomarketing é um elemento indispensável para o sucesso de qualquer empresa. A confiança do público, tanto o interno como o externo, é uma consequência do endomarketing.” Uma relação de confiança entre os agentes envolvidos na produção e consumo é condição de sucesso para qualquer empreendimento, e a confiança só se dá a partir do conhecimento e do apego que dele advêm.
No contexto das mudanças de nossa atualidade administrativa, ao lado da necessidade de desenvolver uma relação libidinal entre o trabalhador e seu objeto de trabalho, surge a necessidade de torná-lo autônomo, para que possa empreender novas perspectivas empresarias, visto aqui ‘o empreendedorismo como uma atitude, uma postura perante a vida, um estado de espírito que nos motiva e impulsiona para sonhar e agir, para sermos agentes de mudança e transformação”, um agente de transformação no campo profissional. Aqui, diferentemente do entendimento do senso comum, onde o empreendedorismo está voltado ao lançamento de ações empresarias, visualiza-se a mesma ação como capacidade do profissional atuar no meio, de forma proativa e independente, produzindo as soluções que o sistema venha a exigir.
Assim, aliado ao conceito do Endomarketing, a necessidade de compor equipes de colaborados autogeridos e autodirecionados aos resultados do negócio, verdadeiros empreendedores internos à organização, completa a estratégia corporativa para se adequar aos apelos da modernidade do pensamento administrativo. Nesse sentido, nos últimos tempos, no mundo dos negócios e empreendimentos, “passou-se à busca do desenvolvimento de perfis profissionais polivalentes, flexíveis, baseados em habilidades cognitivas e posturas estratégicas, capazes de acompanhar a velocidade das mudanças e de se antecipar à obsolescência do conhecimento”, com o objetivo de produzir trabalhadores empreendedores, voltados ao alcance das metas organizacionais e ao desenvolvimento das empresas às quais pertencem. A esse empreendedor interno, denomina-se de intraempreendedor, e sua ação se funda ao desenvolvimento de uma autonomia para atuação no meio, dominando-o e transformando-o. “Qualquer pessoa - desde que se oriente pela ação e por resultados; que perceba o mundo como um imenso e inesgotável espaço de possibilidades; que tenha visões; imaginação e que, ao longo de sua existência, construa um histórico de realizações - pode ser considerada um empreendedor.”
Há algumas características comportamentais importantes que designam os empreendedores e intraempreendedores, são elas: Aceitação do risco; Autoconfiança; Motivação; Controle e influência; Tomada de Decisão e responsabilidade; Energia; Iniciativa; Otimismo; Persistência; Sem temor do fracasso e da rejeição e Trabalho em Equipe. Esses comportamentos e habilidades indicam uma personalidade empreendedora ou intraempreendedora, e o estímulo aos mesmos, juntamente com a gestão do conhecimento na organização, colabora ao desenvolvimento da autonomia e ao desenvolvimento da capacidade produtiva do indivíduo. O conceito de intraempreendedorismo confunde-se, em certo sentido, com o conceito de competências do indivíduo que, em poucas palavras, é a mobilização de conhecimentos, habilidades e atitudes para a geração de um resultado, e este com foco em resultados úteis para a sociedade.
Pensando-se em competências e seu desenvolvimento, o processo de Educação Corporativa pode e precisa tornar-se o elemento motor para a estruturação de um processo contínuo e eficaz de desenvolvimento profissional, apoiando os processos de endomarketing e intraempreendedorismo.
As dificuldades, por vezes encontrada nesse caminho, não devem desviar do foco ou deixar desesperançosos os profissionais dessa área. As dificuldades fazem parte de um processo de ajuste e de crescimento, de aperfeiçoamento, enfim de evolução. Não se conseguiu, na maioria das vezes, convencer a certos segmentos corporativos da necessidade de tornar a educação corporativa, de fato, uma prioridade e o motor desse processo.
Há muito o que se fazer na estruturação de uma verdadeira educação corporativa para a administração de muitas empresas, e essa estruturação passa necessariamente por respostas a questões que demandam continuamente respostas. O que realmente se define como educação corporativa para as diversas corporações (privadas ou públicas)? Qual o real papel de profissionais de educação na estrutura administrativa dessas Empresas e Instituições? O que fazem? Como fazem? Quando fazem? Por que fazem? Onde querem chegar? Há de fato profissionais da área de educação a serviço da educação corporativa? As corporações e instituições entendem realmente o papel desse profissional em meio à busca frenética pelo atingimento de metas e resultados que precisa e deve alcançar? O que se pode, e se deve fazer para mudar certas realidades na educação corporativa?
Como proceder a identificação do importante papel da educação corporativa nas corporações? O cerne dessa questão está na origem, por exemplo, dos processos de endomarketing e intraempreendedorismo, nos processos de comunicação organizacional e na gestão por competências, cujos pressupostos são basicamente educacionais.
Um outro ponto, de extrema importância, nesse contexto de educação corporativa para, é a questão do mérito. Não há como desenvolver carreiras, e profissionais gabaritados, sem levar em consideração e incorporar o mérito. O Mérito está intrinsecamente ligado à perspectiva de crescimento profissional e, consequentemente, com o desejo do indivíduo em mobilizar energia para seu próprio crescimento. Torna-se assim dicotômico o discurso de promoção do desenvolvimento profissional e da qualidade de vida no trabalho, hoje em voga na administração pública, por exemplo, sem, contudo, levar em consideração essa questão do mérito. Não há, portanto, como falar em intraempreendedorismo, gestão por competências, perfis competentes e profissionais gabaritados subtraindo a questão do mérito.
A gestão por competências, o endomarketing e o intraempreendedorismo mudam completamente a noção da gestão das pessoas e da noção de educação corporativa nas corporações/instituições. Essa mudança se conecta com as novas perspectivas do lugar dos indivíduos na relação capital/trabalho. Mas, será que isso foi realmente bem compreendido pelas empresas e instituições? Por todos os lados, em diversas Instituições, sobretudo no setor público, há um movimento bascular para a efetivação e implantação da gestão por competências.
Pois bem, há bastante trabalho a ser desenvolvido ainda em educação corporativa, em qualquer esfera de administração empresarial e/ou institucional, e antes que qualquer novo modismo possa surgir no horizonte administrativo, há muito o que pensar, o que refletir e, sobretudo, o que definir, para que de fato possa-se acolher essas novas perspectivas de gerir pessoas. Pensar nessa questão é, principalmente, decidir que tipo de profissionais se quer no seio das corporações e instituições, e assim, que tipo de marca se quer deixar na e para a sociedade. O endomarketing e o intraempreendedorismo é, em sua concepção, um processo de libertação para o agir, e a área de educação corporativa é o fenômeno que proporcionará essa liberdade.
Este fenômeno de libertação é um fenômeno natural ao desenvolvimento humano que, em princípio, vive a heteronomia, entendida como dependência absoluta do outro, natural do mundo infantil, precisa ser levado assumir sua autonomia, característica do mundo adulto, e a responsabilidade por seus atos e ações. Portanto, para empreender em suas ações pela vida, o humano precisa libertar-se do jugo do outro e assumir suas responsabilidades de forma autônoma e consciente. Dessa forma, o “empreendedorismo tem a ver com o fenômeno humano e se traduz na maneira de estar e agir no mundo. E o intraempreendedorismo é a aplicação do empreendedorismo dentro de uma organização.” Pensando-se no desenvolvimento da personalidade humana, e sua trajetória na busca de libertação e autonomia, visualiza-se toda a dificuldade que o meio impõe a essa libertação, e, neste contexto, percebe-se o quanto é salutar encontrar no meio administrativo, o forjamento de condições culturais com fins libertários.  “Um grande pensador e empreendedor contemporâneo, Fernando Flores (1995), diz que o ser humano alcança sua plenitude não na sua reflexão abstrata, mas quando atua se envolvendo com a mudança, inovando-a no cotidiano e principalmente quando se torna conscientemente o protagonista da sua história.”.
Neste sentido, pensando-se na modernidade administrativa do nosso tempo, “o intraempreendedorismo e o endomarketing são características de empresas que estimulam e incentivam as atitudes empreendedoras de seus profissionais”, e assim constroem parceiros no mercado e para o mercado das relações de produção. Essa nova visão administrativa estabelece novas relações de trabalho e, na prática, transforma trabalhadores em parceiros de empreendimentos econômicos.
Podemos concluir que existe uma relação direta entre a estrutura corporativa e a estrutura humana, ambas vislumbram a busca incessante por novos patamares de satisfação, seja através do lucro, seja através de satisfação pessoal, no caso dos indivíduos.
Na da mais salutar para a saúde das organizações, passar a compreender as necessidades dos colaboradores e, a partir disso, comporem com aqueles uma parceria para o batimento consonante de metas organizacionais e individuais.
Utilizar o Endomarketing e o Intraempreendedorismo nesse processo, assim como a gestão das pessoas com base em competências, possibilita não só uma tentativa de eliminação de obstáculos ao crescimento da corporação, mas também são elementos de libertação e crescimento importantes para aqueles que as fazem.
Nesse sentido, a área de educação, nas corporações, desponta como ferramenta estratégica importantíssima da gestão organizacional e empresarial, e o reconhecimento da importância do manuseio adequado de um processo natural que nos fez a todos humanos, a linguagem.
Esse processo de mudança que, como dissemos no início deste artigo, iniciou-se e confunde-se com o desenvolvimento da civilização humana, não tende a estagnar. Novas formas de pensar a administração advirão da experiência e do conhecimento, enfim da educação, como ferramenta elementar no processo de comunicação humana.

Sérgio Moab Amorim de Albuquerque - CRP 08/08067-7
Psicólogo / Psicanalista / Servidor Público
Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas / Abordagem Psicanalítica / Sociologia Política
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