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domingo, 15 de maio de 2011

A INVASÃO BÁRBARA

Sobre a insegurança no mundo e o confisco do lugar do Outro



          Recentemente, assistimos estupefatos a um episódio que, como diria Cazuza, nos faz lembrar "um muséu de grandes novidades". As invasões bárbaras se repetem dia após dia, ano após ano, no desenrolar dos séculos.

          A invasão de um país estrangeiro, pelo grande império da modernidade, para eliminar um desafeto, nos transmite uma sensação de insegurança sem precedentes. Algo nos diz: Caso você discorde ou, de alguma forma, for de encontro às verdades do império, sua casa pode ser invadida a qualquer momento, e você assassinado, em nome da verdade...do império.

          Esse tipo de ação nos retroagir na história, e parece que vivemos eternamente cumprindo destinos circulares, repetindo as ações de todo o sempre em nossa cultura humana, quando o império romano reinava soberano sobre os povos das terras conhecidas e além, por se supor A Civilização, adentrava nos territórios alheios, subjugando os povos, como se aqueles fossem apenas seres inferiores, e assim eram vistos: Os bárbaros, que habitavam o quintal da casa do grande império romano, quintal este que se estendia a todo lugar.

          Mas não é o que vemos na atualidade?! O  império americano, em nome de uma verdade que se crê a única verdade, sua suposta democracia, adentra as terras de outrem para subtrair, subjugar, pilhar e matar em nome dessa suposta verdade. Sabe-se a importância da democracia, da participação de todos nos destinos da civilização, da economia, da coisa pública...mas isso de fato acontece? No mundo do espetáculo e do discurso ensaiado, moldado por interesses privados é essa democracia que se apresenta?

          E vê-se isso tão perto, e não só em relação ao império americano e suas incurções em terras alheias, mas em círculos menores de poder, na administração pública em nosso próprio país, onde os regimentos e a hierarquia não são respeitados por que o poder centralizador não admite a partilha e se vê, em última análise, como a única verdade a ser admitida. Obviamente, quem se imbui da verdade, não consegue ver o outro como uma possibilidade de verdades. A administração pública está repleta dessa canalha, que Reich chamaria de "Zés Ninguém", que, em nome de ganhos pessoais e da politicagem partidária, impedem a gestão participativa, o respeito ao Outro e à hierarquia, o desenvolvimento e a profissionalização da administração do Estado.

          Evidentemente, o fato de denunciar a invasão americana não é, absolutamente, uma apologia ao fundamentalismo, ou às ações de grupos radicais que, na maioria das vezes, fazem reivindicações legítimas, mas que buscam meios nada civilizados para o atingimento de seus objetivos. Mas, a ação protagonizada pelo império americano ajuda a civilização? O suposto bandido, "representante de satã na terra" não deveria ser preso, com ajuda do país que o abrigava, e julgado na sequência dos acontecimentos para uma possível e provável condenação? "Olho por olho e o mundo terminará cego!" O sábio Gandhi já proclamava na época em sua terra era subjugada pelo império britânico.

          Há grandes possibilidades de esse círculo de violência jamais terminar. Os oprimidos e subtraidos nunca se calarão, e o império da vez jamais se deterá em sua voracidade de acúmulo e desenvolvimento econômico, fundados na dominação e na pilhagem. E, finalmente, o grande engodo dessa história é o aniquilamento do suposto mal, pois o aniquilamento pode traformar o aniquilado e seu pensar em Lei, Lei a ser perseguida por levas de seguidores.

          O mundo precisa ficar mais atento aos sinais da civilização humana através da história. Nela, há verdades extremamente desagradáveis sobre o humano e a cutura humana, mas dar atenção a estes sinais pode um dia nos salvar de nós mesmos.



Sérgio Moab Amorim de Albuquerque - CRP 08/08067-7
Psicólogo / Psicanalista / Servidor Público
Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas / Abordagem Psicanalítica / Sociologia Política
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