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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

EDUCAÇÃO CORPORATIVA & ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A Educação Corporativa na Esfera Pública

          O processo de Educação Corporativa no Serviço Público pode e precisa tornar-se o elemento motor para a estruturação de um processo contínuo e eficaz de desenvolvimento profissional. Na Administração Pública Federal isso já é ponto pacificado, pelo menos em sua Legislação, e normativas vigentes e pertinentes, bem como na literatura especializada e específica da área, restando porém a busca do fato, já embasado pelo direito.

          As dificuldades, por vezes encontrada nesse caminho, não devem desviar do foco ou deixar desesperançosos os profissionais dessa área. As dificuldades fazem parte de um processo de ajuste e de crescimento, de aperfeiçoamento, enfim de evolução. Não se conseguiu, na maioria das vezes, convencer a Administração Pública Federal da necessidade de tornar a Educação Corporativa, de fato, uma prioridade. Muitas vezes também, e em casos particulares, sequer alcançou-se o objetivo de justificar, de maneira plausível e satisfatória, essa prioridade.... Mas, deve-se aprender com as dificuldades e os tropeços do dia-a-dia funcional. E é isso que se espera da Administração Pública como um todo, que aprenda com seus erros e possa assim avançar em direção ao tão almejado futuro.

          Há muito o que fazer na estruturação da Educação Corporativa na Administração Pública Federal, e essa estruturação passa necessariamente por respostas a questões que não se cansam de gritar na busca dessas respostas. O que realmente se define como Educação Corporativa para o Serviço Público? Qual o real papel de profissionais de educação na estrutura administrativa das Instituições não voltadas ao ensino? O que fazem? Como fazem? Quando fazem? Por que fazem? Onde querem chegar? Há de fato Profissionais da área de educação a serviço da Educação Corporativa na APF? A APF entende realmente o papel desse profissional em meio à busca frenética pelo atingimento de metas e resultados que precisa e deve alcançar? Ou ela ainda os entende, erroneamente, como apoio logístico para os diversos Eventos institucionais? Caso aqueles não se firmem enquanto profissionais de educação na Instituições Públicas, confirmar-se-á, mais uma vez, o que se tem visto em muitas ocasiões ao longo de anos? O que se pode, e se deve fazer para mudar essa realidade?

          Como proceder a construção da Educação Corporativa na APF sobre algo já inadequadamente construído? Parece só haver uma única via possível...a desconstrução. Desconstrução esta que pressupõe uma posterior reconstrução. Reconstrução de uma nova realidade, sobre uma base que já sustentava a realidade anterior, ou seja, uma reconstrução sob a perspectiva de um projeto educacional para o desenvolvimento de perfis competentes.

          Uma outro ponto de extrema importância nesse contexto de Educação Corporativa para a APF, é a questão do mérito. Alguns gestores públicos atendem que é impossível trabalhar com mérito na administração pública, tendo em vista a relação direta com a política. Seria mesmo a política que entrava essa questão? E isto leva a APF a um grande impasse. Não há como desenvolver carreira e profissionais gabaritados, sem levar em consideração e incorporar o mérito. O Mérito esta intrinsecamente ligado à perspectiva de crescimento profissional e, consequentemente, com o desejo do indivíduo em mobilizar energia para seu próprio crescimento. Torna-se assim dicotômico o discurso de promoção do desenvolvimento profissional e da qualidade de vida no trabalho, sem contudo levar em consideração essa questão do mérito. Não há, portanto, como falar em perfis competentes e profissionais gabaritados subtraindo a questão do mérito.

          E aqui é possível se deparar com uma enorme dificuldade da Administração Pública...o Mérito. A supervalorização dos cargos de chefias, em detrimento dos demais profissionais, reflete-se na maioria das vezes nos pedidos de indicações para a composição de equipes, grupos de trabalho, etc. Infelizmente, malgrado todo o conhecimento acumulado ao longo dos anos, é assim que se inicia, ainda, na Administração Pública, a estruturação de uma Unidade, de um Grupo de Trabalho, de uma Gestão?! Onde está o tão versado e celebrado profissionalismo na APF? Especificamente na área de Educação Corporativa, por que o conhecimento desses profissionais não é aproveitado pela Administração para formar equipes a partir de perfis competente, de seleção interna, por exemplo? Na grande maioria das vezes, essas equipes de Educação Corporativa são formadas, não por mérito, mas por indicações. Então, pergunta-se, como equipes formadas por indicação terão força, e sobretudo moral, para avaliar potenciais, avaliar a aquisição e a necessidade de desenvolver competências profissionais, de quem quer que seja?

          Aliás, por onde tem andado o entendimento do processo de Gestão por Competências na área de Educação Corporativa em nossas Instituições? Afinal de contas, o processo de Gestão por Competências, instituido pelo Decreto 5.707, não parece se tratar de mero arroubo institucional, como tantos e tantos outros, mas de um Determinação de uma Instância Superior à qual está subordinada toda a Administração Pública Federal, e à qual se deve obediência, e disso não se pode escapar. A Gestão por Competências muda completamente a noção da gestão das pessoas e da noção de Educação Corporativa nas Instituições Públicas Federais. Mas, será que isso foi bem compreendido pela mesma Administração Pública? Por todos os lados, em diversas Instituições, há um movimento bascular para a efetivação e implantação da gestão por competências, e... É de se estranhar que em dado momento, em muitos casos, "dá-se um tempo" para a estruturação do processo de implantação...Parece, pelo que está posto pela APF, que nosso objeto é o desenvolvimento de competências, e que aliás está escrito e decretado por esta mesma Administração Pública...

          Pois bem, há mesmo muito o que fazer ainda em Educação Corporativa, em qualquer esfera da Administração Pública, ...mas antes de qualquer coisa, antes que qualquer novo modismo possa surgir no horizonte administrativo, há muito o que pensar, o que refletir e, sobretudo, o que definir...tomando posições coerentes, bem fundamentadas e firmes, a despeito de qualquer "desmérito"....Continuar-se-á com o engodo do desenvolvimento de pessoas? Com a falácia do processo educacional? Ou institucionalizar-se-á verdadeiramente uma política de gestão de pessoas por competências na Administração Pública? Pensar nessa questão é, principalmente, decidir que tipo de profissionais se quer na Esfera Pública, e assim, que tipo de marca se quer deixar para aqueles que os sucederão um dia. E por assim dizer, dia este que certamente e muito em breve virá, tendo em vista que, a passos de gigante, e nada adormecido, não se tem conseguido repor a força de trabalho que se vai, deixando uma lacuna no conhecimento, mudando sua condição funcional para a inatividade.



Sérgio Moab Amorim de Albuquerque - CRP 08/08067-7
Psicólogo / Psicanalista / Servidor Público
Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas / Abordagem Psicanalítica / Sociologia Política
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